Não somos homens, não somos mulheres... APENAS! Somos parte de um legado!
A Organização Dandara Gusmão partiu de questionamentos e inquietações históricas do espaço acadêmico acerca do que significa Teatro Preto e de como acontece sua inserção dentro da Instituição de ensino superior, mais especificamente, na Escola de Teatro da UFBA. Os pilares que norteiam a missão da universidade, como o ensino, pesquisa e extensão, em sua prática, é levado apenas a uma parcela de estudantes da pele mais clara. Com isso, o que eram inquietações de corredores e conversas paralelas, transformou-se em inquietações reais, sem procrastinações, sem esconder o rosto, baseadas na construção coletiva cotidiana, mantendo a práxis da nossa teoria numa realidade visível e possível de se alcançar.
A iniciativa surgiu nessa necessidade de NÃO SE CALAR MAIS! Surgimos da inexistência preta dentro dos espaços de direito a todas as pessoas. Honrando a memória daquelas que tentaram, mas foram silenciadas por diversos motivos. Renascemos do nosso próprio epistemicídio, nascemos do nosso desejo de fazer TEATRO PARA O POVO PRETO!! E levamos essa frase como nosso lema, seguimos sempre com a missão de seguir na luta independente de quem esteja nela.
Nos entendemos como uma iniciativa pan-africanista que luta contra os mecanismos racistas das instituições públicas. Nossa arma vem através da arte. No nosso caso, o teatro, com a vertente de não ser folclorista com nossas lutas e conquistas, mas sim de fazer com que cada cena nossa seja um ato político incisivo de reflexão, empoderamento, combatividade e resistência preta. Daí o nome de TEATRO PRETO DE COMBATE E RESISTÊNCIA. Não estamos em cena para mera contemplação, esse conceito vem se moldando a partir de nossas vivências artísticas e consciência política de integrantes que compõem esse corpo vivo dentro de um espaço acadêmico.
Nossa compreensão de universidade se molda também na extensão de práticas que envolvam DE VERDADE também a comunidade externa. Geralmente, a ESCOLA DE TEATRO DA UFBA é visitada em sua MAIORIA por pessoas brancas privilegiadas que sempre tiveram uma inserção cultural muito latente em suas vidas e seguem sendo plateia fixa neste espaço. Poucos de nosso povo sabem se quer que podem adentrar este espaço. Através da troca de conhecimentos e aprendizados, formais ou populares, lidos ou vividos, construímos constantemente um pacto com artistas que não fazem parte deste quadro acadêmico. Somos pretas e pretos de prática combativa ao anti-preto e de prática formada a partir das experiências ancestrais de nosso povo e das nossas principais referências artístico-políticas. Formamos um quilombo artístico.
Toda semana, sem adiamento, seguimos reto colocando nossos anseios, frustações, ações, vitórias e lutas em cena, proporcionando que nosso fazer teatral toque em nossas irmãs e irmãos sem priorizar o contexto europeu em nosso fazer artístico cênico. Depois de certo período vivenciando a ESCOLA DE TEATRO DA UFBA, compreendendo-nos como parte daquele espaço acadêmico hegemonicamente criado para valorizar a pele caucasiana, chegamos à conclusão que nossas lutas seriam pautadas em assumir todas as pautas que nos dispusermos seguindo o legado de nossos ancestrais, dentre os quais muitos nem sabiam que existiam.
Nomeamos DANDARA GUSMÃO, fazendo referência à Dandara de Palmares que resistiu ativamente na luta contra escravidão e a Mário Gusmão, o primeiro homem preto a adentrar como aluno na escola de teatro da UFBA e se formar (academicamente) como ator na Bahia. Antes de nossa existência, pouco se via ou ouvia falar dele. Para manter vivo o debate, a nossa organização atua em cinco ações:
1 - OFICINA DE TEATRO PRETO
Todo inicio de semestre letivo. Promovendo outro norte
2 - PRETato - Cenas pretas de resistência e combate ao racismo.
Primeiro é importante entender a palavra PRETato
A palavra em destaque "PRET" faz alusão a pessoa PRETA. A que está em cena, a que protagoniza, a que coloca suas dores, angustias, anseios, vontades, amores, desamores, resistências e competencias na cena teatral.
A palavra "ato" com letras minusculas faz alusão ao ato de encenar, mas não apenas por "estar por estar" e sim para fazer de sua cena um ato inteiramente político e fortalecedor. O ato cênico que abarca o figurino, luz, maquiagem, impostação vocal, desinibição, etc..
Parece contraditório, mas a nossa intenção é promover o debate e não a vaidade. Claro, qualquer artista quer reconhecimento de seu trabalho, mas a nossa intenção é que não se encerre APENAS nisso. Não seja mais um momento contemplativo, sem debate, sem diálogo, sem reflexão compartilhada.
Como funciona?
Apresentações de quatro cenas teatrais pretas de 15 minutos cada, todas as terças feiras, 19hs. Entre as cenas, exibição de vídeos curtos de até 4 minutos, Sala 5 da Escola de teatro da UFBa.
COMO ERA DE SE ESPERAR....
A Escola de Teatro se sentiu ameaçada pelo número excessivo de negras e negros todas as terças-feiras e desde o dia 14 de Março de 2017 as apresentações teatrais do PRETato encontram-se na rua, como num despejo, após a instituição compreender que a nossa atividade traz um alto índice de periculosidade, trás também a turbação da ordem pública.
Nossa compreensão de universidade se molda também na extensão de práticas que envolvam DE VERDADE também a comunidade externa. Geralmente, a ESCOLA DE TEATRO DA UFBA é visitada em sua MAIORIA por pessoas brancas privilegiadas que sempre tiveram uma inserção cultural muito latente em suas vidas e seguem sendo plateia fixa neste espaço. Poucos de nosso povo sabem se quer que podem adentrar este espaço. Através da troca de conhecimentos e aprendizados, formais ou populares, lidos ou vividos, construímos constantemente um pacto com artistas que não fazem parte deste quadro acadêmico. Somos pretas e pretos de prática combativa ao anti-preto e de prática formada a partir das experiências ancestrais de nosso povo e das nossas principais referências artístico-políticas. Formamos um quilombo artístico.
Toda semana, sem adiamento, seguimos reto colocando nossos anseios, frustações, ações, vitórias e lutas em cena, proporcionando que nosso fazer teatral toque em nossas irmãs e irmãos sem priorizar o contexto europeu em nosso fazer artístico cênico. Depois de certo período vivenciando a ESCOLA DE TEATRO DA UFBA, compreendendo-nos como parte daquele espaço acadêmico hegemonicamente criado para valorizar a pele caucasiana, chegamos à conclusão que nossas lutas seriam pautadas em assumir todas as pautas que nos dispusermos seguindo o legado de nossos ancestrais, dentre os quais muitos nem sabiam que existiam.
Nomeamos DANDARA GUSMÃO, fazendo referência à Dandara de Palmares que resistiu ativamente na luta contra escravidão e a Mário Gusmão, o primeiro homem preto a adentrar como aluno na escola de teatro da UFBA e se formar (academicamente) como ator na Bahia. Antes de nossa existência, pouco se via ou ouvia falar dele. Para manter vivo o debate, a nossa organização atua em cinco ações:
1 - OFICINA DE TEATRO PRETO
Todo inicio de semestre letivo. Promovendo outro norte
2 - PRETato - Cenas pretas de resistência e combate ao racismo.
Primeiro é importante entender a palavra PRETato
A palavra em destaque "PRET" faz alusão a pessoa PRETA. A que está em cena, a que protagoniza, a que coloca suas dores, angustias, anseios, vontades, amores, desamores, resistências e competencias na cena teatral.
A palavra "ato" com letras minusculas faz alusão ao ato de encenar, mas não apenas por "estar por estar" e sim para fazer de sua cena um ato inteiramente político e fortalecedor. O ato cênico que abarca o figurino, luz, maquiagem, impostação vocal, desinibição, etc..
Parece contraditório, mas a nossa intenção é promover o debate e não a vaidade. Claro, qualquer artista quer reconhecimento de seu trabalho, mas a nossa intenção é que não se encerre APENAS nisso. Não seja mais um momento contemplativo, sem debate, sem diálogo, sem reflexão compartilhada.
Como funciona?
Apresentações de quatro cenas teatrais pretas de 15 minutos cada, todas as terças feiras, 19hs. Entre as cenas, exibição de vídeos curtos de até 4 minutos, Sala 5 da Escola de teatro da UFBa.
COMO ERA DE SE ESPERAR....
A Escola de Teatro se sentiu ameaçada pelo número excessivo de negras e negros todas as terças-feiras e desde o dia 14 de Março de 2017 as apresentações teatrais do PRETato encontram-se na rua, como num despejo, após a instituição compreender que a nossa atividade traz um alto índice de periculosidade, trás também a turbação da ordem pública.
Para sentir esse "grau de RACISMO" é importante estar em
algumas das terças feiras às 19h, na frente da escola de teatro e assistir ao que hoje chamamos de PRETATO DE RUA - CENAS PRETAS DE RESISTÊNCIA NA UFBA.); Afroclube - exibição de filmes com temática preta e que possa fazer um paralelo muito forte com a nossa vivência; Oficina de Teatro Preto - uma espécie de calourada com propósito de inserir pretas e pretos no debate de combate e nos protestos/manifestações que denunciam e combatem a prática racista dentro da Universidade Federal da Bahia. Um conjunto de ações que nos guiam enquanto agentes da arte e proliferadoras/es do Teatro Preto de combate. Atuamos através da nossa principal arma, a arte com intuito combativo, que trate de nossas vidas e corpos, lugares e não-lugares, singularidades e subjetividades, além das nossas experiências ímpares nos espaços que questionam a nossa presença. Mesmo que não seja ativista ou combativo na causa, o sistema lhe empurra para os mesmos fatores de degradação do nosso povo. Além de preto, ser artista é muita ousadia e por isso seguimos confrontando as barreiras do racismo e expondo pra tudo e todos que só a nossa liberdade importa e não as migalhas dos ‘bem aventurados’ moradores e moradoras da Casa Grande. Não temos como manter o que fazemos, isso é fato! Nossas atividades são mantidas através das contribuições do público que nos prestigia semanalmente com sua presença.Colaborações vêm de diversas formas desde o dinheiro ao empréstimo de equipamentos. Isso vem acontecendo de forma instável, mas nunca nos faltou público. Para isso, usamos a tradição da CONTRIBUIÇÃO VOLUNTÁRIA. Nós temos uma caixa de contribuições voltada única e exclusivamente para a manutenção de nossos trabalhos. Essa caixa é sempre passada no fim de cada espetáculo que nos mantém de pé estruturalmente e que nos dá condições reais de fazer cada cena com qualidade e os cuidados necessários. Nossas ações incomodam e MUITO a quem sempre esteve em seu conforto dentro da UNIVERSIDADE ENRAIZANDO O RACISMO. Se quiser entender mais sobre nós e esse processo ditatorial que cerceia nossa liberdade de expressão, ir à Escola de Teatro da UFBA durante nossos eventos é a melhor solução. Em nossas redes sociais (Facebook e Instagram:/organizacaodandaragusmao) há informações e postagens todos os dias, isso faz com que estejamos sempre conectados com quem nos acompanha dentro e fora da UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA. A nossa ideia segue firme, estamos quase completando um ano e com uma luta árdua porque Dandara Gusmão é viva e combativa.
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